Mateus Nascimento (trankgoku@hotmail.com)
A cidade norte-mineira de Janaúba sediou neste final de semana (20 de agosto) a décima edição da Romaria das Águas, evento organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em conjunto com a Cáritas Brasileira - Regional MG, instituição que comemora 50 anos de luta ao lado dos povos excluídos.
Caravanas de Belo Horizonte, Taiobeiras, Matias Cardoso, Porteirinha, Januária, Montes Claros, Guaxupé e Jaíba foram recebidas na praia do Copo Sujo no início da manhã de domingo.
“Muito bom, bem organizado, um evento do povo, das pastorais, da cultura e da religiosidade”, disse o religioso Albino Nonato de Oliveira, de Belo Horizonte.
Logo após, às 9 horas, teve início a missa na praia do Copo Sujo. Conforme a programação, a missa foi interrompida, seguida da caminhada litúrgica e dando início a celebração itinerante passando pelas ruas da cidade até a praça da Catedral, num percurso de cerca de cinco quilômetros. Durante a caminhada, a multidão se misturou sem distinções de classes sociais e caminhou lado a lado unida pelo mesmo ideal: “Terra e água força de vida, vida em abundância para toda criação”, lema da Romaria das Águas.
Os organizadores do evento abordaram temas polêmicos como a transposição do Rio São Francisco aproveitando a presença de candidatos ao governo do Estado e à Assembléia Legislativa. “Autoridades, prestem atenção no povo, nos ribeirinhos, quilombolas, que preservaram essas terras por tantos anos”, exemplificou. “A transposição do São Francisco não será usada para suprir às necessidades das pessoas carentes da região, e sim para fins lucrativos dos grandes proprietários de terra”, concluiu um dos organizadores do evento durante a caminhada.
Dom José Mauro Pereira Bastos, vice-presidente da CPT nacional, disse que a romaria deve servir de reflexão sobre a questão das terras e das águas. “Devemos direcionar nossas orações e ações para esta problemática tão presente hoje”, disse o atual bispo da Diocese de Guaxupé mas que trabalhou desde o ano 2000 até o início deste ano em Janaúba e conhece bem a realidade norte-mineira.
Com a chegada dos peregrinos na praça da Catedral, houve uma pausa na celebração para que os romeiros pudessem almoçar. Logo após, foi retomada a celebração religiosa quando o celebrante Dom José Mauro pediu aos fiéis para uma maior conscientização social na hora de votar e escolher seus candidatos.
CARTA DE JANÁUBA
No fim da celebração foi lida a carta elaborada pelos organizadores da Romaria.
“Chegou a hora de irmos embora, de seguirmos em caminhada para a terra sem males. Levamos na sacola a alegria de romeiros e de romeiras. Levamos grudados em nosso corpo as prioridades e os desafios de continuar nossa luta pela libertação das águas e da terra, para homens, mulheres e criaturas livres. É hora de destruir o capitalismo e suas mordaças. Vamos juntos remover pedras, construir poesias e práticas emancipatórias e revolucionárias. Salve o Rio Gorutuba, o Verde Grande, o Rio Pardo! Salve o Rio São Francisco! Salve os olhos-d’água, as veredas e as chapadas! Salve o povo gorutubano e o povo brasileiro!”.
A primeira Romaria das Águas foi realizada na cidade de Manga, no Vale do São Francisco, no ano de 1996. Desde então, o evento vem ganhando força e promovendo a conscientização sobre os problemas ambientais da região, com ênfase ao Rio São Francisco e seus afluentes.
A cidade de Belo Horizonte terá a missão de sediar a Romaria das Águas em 2007, e dar continuidade ao processo de conscientização social sobre os problemas relacionados ao meio ambiente.
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domingo, 20 de agosto de 2006
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Um comentário:
Olha ai, garoto de talendo da pequenopolis. =D
continue escrevendo, viu?
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